Algoritmo privilegia pessoas brancas ao decidir quem recebe tratamento de saúde
Um estudo revelou que o algoritmo que faz a triagem de pacientes americanos, para decidir quem tem preferência em tratamentos de saúde, leva em conta a cor da pele. Pessoas brancas têm, matematicamente, mais chance de fazer os procedimentos. Foram analisados dados de um hospital dos Estados Unidos, cujo nome ainda é mantido sob sigilo – mas foi classificado pelos pesquisadores como um “grande hospital acadêmico”.
Segundo os resultados do estudo, o atendimento de milhões de pacientes acaba privilegiando os brancos em detrimento dos negros. O hospital destacado para a pesquisa é um dos muitos que usam algoritmos para identificar casos mais complexos, ou seja, com necessidades mais específicas de tratamento.
Mais de 50 mil registros foram analisados. Na comparação entre pacientes brancos e negros, percebeu-se que o sistema atribuiu pontuação de risco semelhante em casos nos quais os pacientes negros apresentavam quadro clínico mais complicado – com pressão arterial mais alta ou diabetes menos controlado. Como a pontuação define quem recebe determinado tratamento, pessoas foram excluídas de um programa de cuidados extras por conta da cor.
Traduzindo em números, os pesquisadores apuraram que quase 50% dos pacientes que deveriam receber cuidados redobrados seriam negros. Graças ao problema com o algoritmo, esse número caiu para menos de 20%. Sem a devida atenção, acabaram enfrentando mais chances de visitar as emergências e passar por internações.
O estudo foi publicado recentemente na revista Science e não revela a empresa responsável pelo algoritmo. Segundo o médico Ziad Obermeyer, um dos pesquisadores que participaram do levantamento, a diferença entre os resultados foi grande. Ele contou que a desenvolvedora confirmou o problema e está trabalhando para resolvê-lo.
Artigo da Wired explica que, ainda segundo Ziad, o algoritmo é usado no atendimento de 70 milhões de pacientes. Isso sugere que o sistema pode ser da Optum, de propriedade da seguradora UnitedHealth, já que a própria empresa afirma que seu produto tenta prever os riscos de pacientes e gerencia mais de 70 milhões de vidas.
A Optum foi procurada pela Wired para esclarecer se o estudo trata de seu algoritmo. Por meio de comunicado, a empresa explicou que aconselha os clientes a não substituir integralmente a experiência e o conhecimento como médicos por essas “ferramentas”.