Justiceiro do open-source?
Seth Vargo. Este é o nome do desenvolvedor que atrapalhou, há alguns dias, o trabalho do Immigration and Customs Enforcement (ICE) – o controle de imigração americano. O órgão é criticado por separar crianças de suas famílias.
Ex-funcionário da Chef, empresa que presta serviço para grandes companhias e órgãos governamentais, Vargo estava com dificuldade para dormir porque não parava de pensar no quanto uma aplicação que ele desenvolveu, chamada “Chef Sugar”, era usada “por uma organização tão vil”, segundo contou à Motherboard.
A decisão foi deletar o código do GitHub e do RubyGems. “Eu não poderia ser cúmplice ao permitir o que considero atos de maldade e violações dos nossos direitos humanos mais básicos”, justificou.
De um lado está Vargo, defendendo que o pacote estava em seus repositórios pessoais e, por isso, tinha o direito de removê-los. De outro, a empresa alegando que ele não era o proprietário. “O código foi criado na época em que ele era funcionário da Chef”, atestou o CTO Corey Scobie.
O ex-funcionário garante que a empresa violou a licença de código aberto porque utilizou seu trabalho sem dar o devido crédito – o que foi corrigido mais tarde, segundo ele por pressão pública. Scobie reconhece o erro, mas sustenta que não foi intencional. Ele atribui a um erro ao restaurar o serviço global de base de clientes e, que tão logo foram notificados, resolveram o problema.
Esteja a razão com quem estiver, o episódio reacende o debate sobre o ativismo da comunidade com relação ao emprego da tecnologia e seu impacto na sociedade. A polêmica gira em torno da prisão de familiares de crianças que cruzam a fronteira, entre outros abusos apontados pelos críticos e ativistas. A própria alfândega americana já foi alvo de protestos pelo uso de softwares de cruzamento de dados.
Segundo o CEO da Chef, Barry Crist, após muita reflexão a empresa resolveu não renovar os contratos atuais com o controle de imigração e alfândega dos Estados Unidos e a proteção de fronteiras do país. “Cumpriremos nossas obrigações nos termos dos contratos atuais”, finalizou.